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De mim para ti: Importas-te?

 

“Importas-te de me falar mais baixinho? Mais devagar? De forma clara, para eu entender? Importas-te de me pedir uma coisa de cada vez, e não uma lista interminável, que não vou conseguir decorar? Importas-te de te baixares para falares comigo, para eu ver os teus olhos de perto, que gosto tanto? (E no fim, talvez agarrar-me ao teu pescoço…), importas-te de me dizer a verdade? Dizer as coisas como são e como acontecem, sem histórias pelo meio? (Claro que podes procurar as palavras mais fáceis para que eu as entenda…), importas-te que te peça para não discutirem à minha frente? E de não me pedires (a gritar) para ir para o meu quarto? Importas-te de ser coerente nas tuas decisões, e não fazeres de mim uma bolinha colorida e saltitona, que anda de ti para o pai e do pai para ti, para ver quem se entende e quem diz a ultima palavra? Importas-te de te sentar e conversar comigo? E de me perguntar como estou? Como foi o meu dia? Com quem brinquei? O que mais gostei de fazer? E também o que não gostei? Importas-te? Eu não me importo nada de te dizer estas coisas. Espero que não te importes de as ouvir e que percebas que sou uma criança, estou a crescer e gosto muito de ti.”

 

 

Maria Veiga - 2017